Preludio e fuga do real
Recomendo
Este livro difere dos demais livros de Câmara Cascudo, por não tratar de tema ligado a cultura, costumes, tradições e folclore. Publicado em 1974, possivelmente foi escrito durante uma viagem que Câmara Cascudo fez à Europa e à África. A motivação talvez tenha sido suas leituras de viagem e seus momentos solitários em ambientes públicos. O livro tem 35 textos, nos quais Cascudo "conversa" com personagens históricos, com autores e personagens de obras famosas, que estabelecem contato com Cascudo para expor seus valores e dilemas. O Barão de Munchhausen discorre sobre a mentira e seu papel importante na vida das pessoas, explicando como a vida em sociedade seria impossível sem o recurso a ela. Ramsés II e o Escriba de Memphis tecem considerações sobre a impossibilidade do homem moderno ter uma dimensão compreensível da milenar cultura egípcia. Aristófanes fala do valor que o teatro grego tinha para os gregos contemporâneos e como o teatro estava inserido no cotidiano da vida do povo grego. Nostradamus fala sobre a previsão do futuro, as superstições e sua ligação com a crença do homem na vida depois da morte. O imperador Juliano, o Apóstata, defende seus atos frente aos cristãos, ressaltando seu procedimento "democrático" frente as outras religiões e valores, que então eram atacados pelos cristãos. Jean Jacques Rousseau discorre sobre as diferenças entre instrução e educação. Pangloss defende a necessidade do homem ser otimista. Um livro original, instigante, sofisticado, escrito de maneira a incluir o leitor na prosa com os personagens.
Gisela
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