Mais do que uma teoria do Estado
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A obra Leviatã de Hobbes foi publicada em 1651 e se tornou um clássico do pensamento político. A obra, entretanto, trata mais do que sobre teoria do Estado. Hobbes se propõe a discutir sobre matéria, forma e poder de um Estado tanto civil quanto eclesiástico. O Leviatã de Hobbes quer o cajado eclesiástico e o cetro do príncipe. Leviatã, para Hobbes, é um Estado artificial ou um Homem artificial que funciona para proteger e defender a sua própria existência, como também a liberdade individual. O livro tem quatro partes: Na primeira, Hobbes trata do homem. Hobbes apresenta seu empirismo britânico discutindo sobre como o homem forma pensamentos, imaginação, linguagem, racionalidade, paixões, conhecimento. Ele também discute sobre virtudes intelectuais, objetos do conhecimento, poder, honra, comportamentos, religião. No fim da primeira parte, Hobbes finalmente apresenta seus conhecidos conceitos de estado da natureza vs. estado de guerra, contrato social, a relação entre justiça e leis naturais e o papel do Estado em garantir a liberdade individual naquilo que não proibir. Na segunda parte, Hobbes trata do Estado. Ele discute sobre o surgimento do poder soberano do Estado, os direitos do Soberano, formas de governo e sucessão, formas de conquista, liberdade negativa, as partes do Estado, o papel dos ministros, o domínio do soberano sobre as terras, a relação entre leis naturais e positivas, crime, penas, recompensas, doutrinas que ameaçam o Estado, competências do poder soberano. Na terceira parte, Hobbes trata do Estado Cristão. Aqui Hobbes apresenta uma teologia política em que o Estado tem importante papel na interpretação bíblica. Para ele, o reino de Deus é reino civil. Ele então trata de anjos, inspiração bíblica, profetas, milagres, igreja, direitos do reinado de Deus, o papel de Jesus. Hobbes entende que o soberano deve governar sobre a igreja e Estado e o homem deve obedecer o soberano para agradar a Deus. Por fim, Hobbes trata do "reino das trevas" em que discute sobre potenciais ameaças religiosas à soberania do Estado. Ele trata de erros de interpretação bíblica, demônios e elementos pagãos na prática cristã, vãs tradições e filosofias e faz duras críticas ao papado romano. Esse livro é muito mais do que uma teoria política. O empirismo de Hobbes o leva a defender um Estado autocrata para assegurar tanto a estabilidade de um país quanto a liberdade individual. E, para Hobbes, isso só era possível submetendo igreja e Estado ao Soberano. Esse é um contrato "liberal" um tanto esquisito para quem está no século XXI.
Anderson
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