Mitologia Indígena
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Em "Formigueiro de Myrakãwéra" conhecemos uma das narrativas mitológicas dos povos indígenas parintin, sateré-mawé, arapiun e maraguá, que habitavam as margens dos rios da atual Região Norte do Brasil. A principio Myrakãwéra era um lugar sagrado no qual as pessoas iam para fazer oferenda aos deuses e pedir proteção e prosperidade. No entanto, com a chegada de Wãkãtin, um pajé com inclinações para o mal cujas ações malévolas transformaram o lugar sagrado em um ambiente perigoso e maligno mesmo séculos apos a morte de Wãkãtin. Através do texto de Yaguarpê e das ilustrações de Uziel Guaynê acompanhamos como esse lugar amaldiçoado acaba tragando e destruindo a vida de rapazes corajosos e imprudente que em busca de aventura e glorias ignoram os conselhos dos mais velhos e tentam desbravar os segredos do lugar. Achei impressionante como as bravatas dos jovens se tornam esforços infrutíferos, como eles apenas se colocam em perigo se tornando alvo fácil de gingantes formigas carnívoras e de zumbis cujo único impulso é fazer o mal. Os jovens se negam a ouvir a voz da sabedoria e pagam o alto preço dessa imprudência. A história contada em "Formigueiro de Myrakâwéra" é uma legitima narrativa mitológica. Ela explica aspectos da realidade e contém o registro de pedaços da história do povo que a criou quando cita os deslocamentos pelos rios, faz menção a rituais, aborda a presença das pessoas brancas na floresta e mostra quão caro pode custar o ato de ignorar a voz da sabedoria. A edição da Editora Biruta é uma coisa linda, as ilustrações do Uziel são um show a parte dialogando lindamente com o texto de Yaguarê e não tem preço ter acesso a essa narrativa contada em primeira mão por alguém que pertence ao povo maraguá e é comprometido com a preservação da memória e identidade de seu povo.
Jacilene
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