Por uma literatura luso-brasileira.
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Por uma literatura luso-brasileira. Ao escrever para para o leitor iniciante o pesquisador ganha ao mesmo tempo que o leitor. Estes ensaios reúnem trabalhos de conferências, textos escritos para congressos, introdução de livros e material didático para seminários. O ensaio precisa ser sucinto e límpido, denotando um grande esforço de elaboração pois as ideias não podem ser camufladas através jargão acadêmico e das citações ociosas. Alguns ensaios quando lidos em conjunto (A poesia brasileira do romantismo ao simbolismo, I-Juca Pirama, Batalha do Realismo no Brasil, O Caso B. Lopes, A poesia depois de João Cabral) constituem uma breve e concisa introdução à poesia brasileira. A observação arguta e precisa abrange desde Gonçalvez de Magalhães (1811-1882) até Ana Cristina César (1952-1983), a vedete da Flip de 2016. Coloca no merecido posto tanto a poesia marginal de Cacaso como ao mesmo tempo que pede mais compreensão e respeito para Olavo Bilac. O mais relevante é a trança que Franchetti tece com os fios da literatura Brasileira e Portuguesa, criando uma maneira original de refletir um ser híbrido, a literatura luso-brasileira. Nem os mais “indigenistas” poetas como Gonçalvez Dias estão isentos da poesia de Coimbra e os trópicos não eram estranhos a Almeida Garret ou Camilo Castelo Branco. É uma ingenuidade falar do “caráter ibérico” ou da “doçura lusitana” em nossa história desconhecendo a história de Portugal de Oliveira Martins. A recuperação da leitura atenta de Oliveira Martins, quase sempre esquecida entre nós, é uma grande contribuição do autor para portugueses e brasileiros que buscam as fontes de nossa identidade. O diálogo entre a literatura produzida na terrinha e no além mar é mais intenso do que o tráfego das naus entre Brasil e Portugal. Machado de Assis que nadava de braçada no teatro francês, não se importa com o romance experimental de Zola, porém através da crítica ao "O Primo Basílio" reconhece com desconforto a necessidade de enterrar o esquema romântico. Esta reforma no romance Machado não acompanha o passo na poesia, pois Machado considerava Antônio (ou António) de Castilho, o abominável velho poeta para os jovens da Questão Coimbra de 1870, que esteve no Brasil tentando vender seu método de alfabetização a convite do Imperador, como um exemplo de perfeição da métrica poética. Os ensaios podem ser utilizados com proveito nos cursos de literatura brasileira, e servem como um padrão de integridade intelectual para uso em monografias. É um trampolim para novas leituras, em particular ao chamar a atenção para a obra de Oliveira Martins pouco conhecida no Brasil. A falta de índice remissivo é de se lamentar. A publicação no formato de e-book kindle seria uma mão na roda.
Antonio
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