Esferas I: Bolhas - Peter Sloterdijk - 9788574482743

Antropologia não-pauperista

Esferas é simplesmente a opus magnum do Sloterdijk! Em sua antropologia filosófica não pauperista ele parte da intuição de que a coexistência é a nossa condição básica e a riqueza é que é originária (e não a carência). Agora as consequências dessas ideias só são vislumbradas na leitura que indico para todos e para ninguém.

Em abril de 2022 • Via Amazon

Uma provocação

Quanto à venda na Amazon: Excelente. Quanto ao conteúdo do livro: O autor escreve bem, conseguiu prender minha atenção até o fim desse livro denso. No geral, a escrita é fluida e agradável. As figuras, imagens de obras artísticas tornam a leitura bem ilustrativa e contextualizada em diversos trechos. No entanto, pra mim ficam muito mais confusões do que qualquer outra sensação ao concluir a leitura. As referências utilizadas são contrapontos especialmente para tentar sustentar em diversos trechos sua crítica ferrenha contra as bases da psicanálise freudiana - crítica esta insistente e superficial em alguns aspectos, presente em outras obras como "Ira e tempo". Para tentar desconstruir certos modelos da relação sujeito-objeto, ele lança mão de conceitos como a interessante noção de "nobjetos", de Thomas Macho (ainda desconhecido no Brasil), e também debates da psicologia profunda (com acenos que me lembram Jung e Winnicott), do campo da biologia, e releituras até em Platão, Aristóteles e pensadores medievais. Embora com uma estrutura aparentemente bem organizada nesse primeiro volume, a construção da tese das esferas (esferologia) de Sloterdijk não me convenceu na maior parte dos aspectos apresentados, mesmo com sua imersão na leitura de Heidegger. O autor parece se colocar como um heideggeriano crítico que se apresenta como uma espécie de "sucessor" direto do pensamento de Heidegger, buscando preencher determinadas lacunas da obra desse filósofo (p. 308-309). Tentar estabelecer chaves de leitura para uma história geral das relações humanas interpessoais e seus "mecanismos" a partir das espacialidades é uma tarefa um tanto complexa. O preço dessa empreitada pretensiosa parece ser uma linha fina entre um delírio e uma lucidez. E por mais louvável que tenha sido o esforço que o autor empregou a partir do diálogo com diversas culturas (chinesas, indianas, egípcia etc.), tentando romper com o típico eurocentrismo da modernidade, ainda assim, a filosofia de Sloterdijk não me convidou a pensar além de certos limites. Exceto pelo fato de uma proposta intercultural que tangencia boa parte dos argumentos e exemplos em favor de uma apologia consciente e consistente da co-vivência como chave de leitura do real. Com todo respeito ao conjunto da obra desse filósofo, sem dúvida um dos mais originais teóricos da fenomenologia alemã nas últimas décadas, com contribuição em estudos de literatura e da arte, "Esferas I - Bolhas" é pra mim mais uma provocação a alguns "lugares comuns" da modernidade, do que uma proposta de algo "inovador" em sentido amplo. Seria talvez esse o quinhão da "filosofia" esboçada no volume: ser uma filosofia contra a filosofia, e não acrescentar nada a nada. Mas sem dúvida vale muito a pena essa viagem. Talvez não seja um livro para ser "entendido" logo, se é que entendi alguma coisa. Se fosse possível optar, preferiria por ora a sinceridade de um Freud ou de um Wilhelm Reich do que as resistências de Sloterdijk. Necessário é aprofundarmos esse debate. Tenho desejo de ler a continuidade da trilogia em língua portuguesa, e assim ter uma percepção mais justa e precisa da obra. Achei muito mais interessante a coletânea de textos do mesmo autor traduzida recentemente pela Ed. Vozes, intitulada "Pós-Deus".

Em agosto de 2020 • Via Amazon

livro

do meu interesse

Em junho de 2020 • Via Amazon

"Há um século a Filosofia está morrendo"

... É a frase de abertura de outro livro do autor, "Crítica da Razão Cínica"... Pois eu penso que ele tem razão: e bastou-me ler as primeiras [terríveis] 70 páginas deste "Bolhas" para concluir que, de fato, filosofia está morrendo... ou, se depender dele, até já morreu!

Em maio de 2020 • Via Amazon