Excelente introdução à obra voegeliana
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Federici explica que o objetivo da obra de Voegelin é buscar a verdade e a ordem. Na introdução, explica o autor que Voegelin entende que para conquistar a consciência das experiências históricas é preciso recapturar a verdade dos símbolos. A filosofia deve investigar a realidade pré-dogmática do conhecimento (as experiências da condição humana). É preciso se conscientizar da realidade divino-transcendental. No primeiro capítulo, o autor apresenta a vida e obra de Voegelin, mostrando tanto a complexidade de sua reflexão filosófica quanto sua vida agitada entre a Europa e os EUA. No capítulo dois, Federici explica que para Voegelin a crise do Ocidente é uma crise espiritual e religiosa. A crise se dá pela amputação do transcendente. É preciso resgatar a substância espiritual e a força moral para restaurar a experiência transcendente na consciência. Em "História de Ideias Políticas, Voegelin dá ênfase aos mecanismos de poder ao longo da história. Mas abandona esse projeto devido aos condicionamentos ideológicos de uma leitura das ideias políticas. Por isso, Voegelin passa a desenvolver sua obra "Ordem e História" em que trata dos fundamentos espirituais da ordem política. A partir disso, Voegelin propõe uma Nova Ciência da Política pela qual busca restaurar a ciência política clássica de Platão e Aristóteles. Voegelin rejeita o cientificismo moderno que separa fato de valor de forma estrita e despiritualiza a sociedade ocidental, abrindo espaço para ideologias. O cientificismo fecha as portas para a eternidade e leva à desconexão entre as ordens da alma e da política. A nova ciência da política de Voegelin busca reconciliar a experiência humana com a metafísica. É preciso, para isso, uma representação existencial da sociedade, isto é, uma orientação da sociedade para uma ordem universal. Pois o gnosticismo moderno distorce a realidade e inviabiliza o debate racional. O gnosticismo moderno compacta a diferenciação (abertura histórica da experiência humana) ao imanentizar o escathon. No capítulo seguinte, Federici explica que, em "Ordem e História", Voegelin busca desenvolver a autocompreensão do homem e da sociedade no sentido de restaurar uma ordem justa (ajustada à ordem transcendental). Em Israel e a Revelação se encontra uma cosmologia de simbolização da ordem política por meio de analogias cósmicas. Símbolos e mitos dão fundamento para a ordem social e política. O abandono desses símbolos que ordem a vida social leva ao caos. Em o Mundo da Pólis, Voegelin encontra a abertura helênica que visa a ordenar a sociedade conforme à ordenação da própria alma. Platão e Aristóteles continuam a busca por ordem social, mas Platão é mais bem sucedido nesse sentido. A partir de "Em busca de ordem", Voegelin busca descobrir o processo que ilumina a verdade na consciência. Em "A era ecumênica", Voegelin busca analisar as experiências históricas para encontrar a transcendência (Deus) comum a todos. A história revela a estrutura da consciência humana por meio da linguagem. O filósofo usa de símbolos reflexivos ou imaginativos para refazer as experiências do passado e restaurar a ordem universal. Por fim, Federici apresenta as críticas mais recorrentes à obra de Voegelin: a transcendência é a-histórica e abstrata e Voegelin não se mostra simpático ao cristianismo. Voegelin não leva muito em conta a influência cristã no constitucionalismo liberal, entende o conservadorismo como ideologia em sentido estrito e não distingue variações não ideológicas de uma perspectiva conservadora, e dá primazia à experiência humana sobre a transcendência da revelação cristã. A principal contribuição de Voegelin, para Federici, é a de que a filosofia política do filósofo alemão se molda pela imaginação transcendental em busca de estabelecer uma ordem na consciência e na vida social.
Anderson
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