Uma leitura do desassossego
Recomendo
Existem leituras que nos mobilizam de diferentes maneiras. A de Débora Ferraz nos conduz a uma dor impotente e profunda, sem explicações, de um relacionamento falho entre pai e filha, que esta tenta compreender mesmo após a partida dele. Érica é a jovem artista plástica que, além de lidar com a dor de uma partida súbita, ainda tem que enfrentar os problemas prementes do dia a dia, como a infiltração na garagem convertida em ateliê, que se materializa em contas altíssimas de água; com o namoro que não é um namoro 100% assumido com Vinícius. É uma narrativa que fala de perdas, de transformações, de abandonos, de partidas. Enfim, é uma narrativa densa e intensa, mas ao mesmo tempo sutil, que requer mais que uma leitura simples, porque não é linear, mas te engolfa e faz com que a protagonista fique reverberando dentro do leitor, com toda sua carga existencial. As reflexões da artista em torno de suas obras nunca finalizadas são matadoras! Não por acaso, totalmente merecedora dos Prêmios literários a que fez jus: Prêmio Sesc de Literatura 2014 e Prêmio São Paulo de Literatura 2015.
Kyanja
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