Um livro de cunho político; relato comportamental dos viventes franceses do século XIX com pano de fundo realista.
Recomendo
Flaubert deixou nesse livro sua visão, diria que ampla, do mundo em que vivia e como interpretava as motivações e atitudes dos concidadãos, com foco comportamental. Deixou-nos, também, uma boa mostra de como era a França do século XIX; poucos teriam esta ousadia, no entanto, Flaubert executou com louvor. Em um período que não existia rádio, televisão, tampouco internet, Flaubert demonstrara avidez em consumir material sobre assuntos variados como política; cultura e arte, citando vários autores, livros, pintores, peças teatrais e personagens reais que marcaram sua geração. Em meio a esse emaranhado de informações, em grande parte baseadas em fatos; utilizou personagens fictícios nos entretendo e mantendo presos à história a fim de apreciarmos sua análise, ou, nas palavras do próprio Flaubert: “Quero escrever a história moral dos homens de minha geração – ou, mais precisamente, a história de seus sentimentos. É um livro sobre amor, sobre paixão; mas uma paixão capaz de sobreviver nos dias de hoje – ou seja, uma paixão inerte”. Uma curiosidade: o cuidado de Gustave Flaubert com as palavras era exemplar. Cada palavra é colocada no seu devido lugar. Li um texto sobre Flaubert que deixou-me boquiaberto; ele relia em voz alta tudo o que escrevia; acreditava que assim escolheria as melhores palavras, as mais adequadas para a narrativa. Um gênio da escrita que tinha muito respeito pelas palavras. Livro impecavelmente escrito, erudito, de grande peso cultural que nos tira da zona de conforto visto que exige muita atenção e um bom dicionário ao lado. Acredito que seja importantíssimo ler autores contemporâneos sem jamais deixarmos de lado os clássicos. Boa leitura.
Ernani
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