Amei todos os volumes.
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Trecho: O Cristianismo primitivo não tinha o casamento e a família em tão alta estima, e Dostoiévski poderia muito bem ter citado tanto as palavras de Cristo quanto as de São Paulo para apoiar seus pontos de vista; os primeiros discípulos foram instados a romper com a família e a seguir Cristo, enquanto São Paulo aceitou com relutância o casamento como um mal preferível apenas ao de arder em luxúria. Dostoiévski, de qualquer modo, enfatiza a importância da família como precondição necessária para a existência da vida humana em si em sua luta para realizar o ideal cristão. Ainda assim, considera a família oposta inelutavelmente, tendo em vista sua exclusividade egoísta, à própria essência desse ideal tal como está corporificado na lei do amor. Nenhuma passagem das obras de Dostoiévski esclarece com tanta precisão por que seus romances quase sempre apresentam a vida humana inextricavelmente envolvida em conflitos trágicos. Os desejos humanos comuns, mesmo os mais legítimos, devem entrar em inevitável conflito com os imperativos da lei cristã do amor, e não se pode deixar de pensar na famosa declaração de Dmítri Karamázov: "𝘿𝙚𝙪𝙨 𝙚 𝙤 𝙙𝙚𝙢𝙤̂𝙣𝙞𝙤 𝙚𝙨𝙩𝙖̃𝙤 𝙚𝙢 𝙡𝙪𝙩𝙖 𝙚 𝙤 𝙘𝙖𝙢𝙥𝙤 𝙙𝙚 𝙗𝙖𝙩𝙖𝙡𝙝𝙖 𝙚́ 𝙤 𝙘𝙤𝙧𝙖𝙘̧𝙖̃𝙤 𝙙𝙤 𝙝𝙤𝙢𝙚𝙢". Contudo, essa formulação simplifica a questão tal como Dostoiévski a apresenta aqui, visto que "o demônio" não é apenas a tentação de infringir o código moral da sociedade e entregar-se ao ideal de Sodoma, mas é também o dever, através do casamento e da família, de cumprir as mais sacrossantas obrigações da sociedade. O que quer que Dostoiévski tenha sido além disso, não foi certamente um defensor pouco exigente das instituições existentes; e essas palavras mostram como estava entendendo continuamente sua imaginação para além dos limites de todos os estabelecimentos terrenos. #dostoievski #literaturarussa 𝗝𝗼𝘀𝗲𝗽𝗵 𝗙𝗿𝗮𝗻𝗸 - 𝗢𝘀 𝗲𝗳𝗲𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗱𝗮 𝗹𝗶𝗯𝗲𝗿𝘁𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 (𝟭𝟴𝟲𝟬/𝟭𝟴𝟲𝟱) - 𝗗𝗼𝘀𝘁𝗼𝗶𝗲́𝘃𝘀𝗸𝗶
Lucia
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