Para mim, a melhor narrativa sobre os relatos
Recomendo
Alexandre, o grande, gerou muito pano para manga. Foram vários os escritores, antigos e modernos, que se dedicaram a entender o que este jovem rei e general representou para a transformação do mundo ocidental. Naturalmente, todos os autores modernos só puderam escrever tendo em vista (como norte) os autores antigos. Dentre tantos que escreveram sobre Alexandre, alguns relatos sobreviveram até os dias de hoje e foram interpretados por ângulos diversos, considerando, ou não, achados arqueológicos como os de Vergina, na década de 1970 ou a atual escavação em Alexandria, do possível quadrante do bairro da realeza. De qualquer maneira, eu tive a oportunidade de ler Arriano, Plutarco, Diodoro (este ainda não terminei). Apreciei Arriano pela meticulosidade dos procedimentos e engajamentos militares. Quer dizer, meticulosidade em termos, considerando a maneira nem um pouco didática que os autores antigos possuiam de narrar os fatos. Eles muitas vezes escreviam como se nós tivéssemos a obrigação de saber sobre o que e sobre quem estavam se referindo, num mesmo parágrafo. Não havia técnicas de escrita, naqueles tempos, como as teorias que atualmente ajudam um autor a se fazer mais compreensível ao seu público. Nesse sentido, apreciei mais a narrativa de Plutarco, que foi talvez o primeiro a se concentrar mais na pessoa do que nos fatos (algo como um precursor dos biógrafos atuais). Tive a oportunidade de ler as obras de excelentes historiadores modernos que se debruçaram sobre os autores antigos, e que tiveram condições de tornar os textos e fragmentos deles mais interessantes à compreensão moderna. No entanto, até agora, apenas dois se revelaram, para mim, mais "completos", com sensibilidade para conectar detalhes e pontos cruciais de maneira a apontar a contaminação ideológica das épocas em que os textos foram escritos; e ao mesmo tempo revelar, para nós, um mundo inteligível. Um deles, foi Adrian Goldsworthy. O outro foi Philip Freeman. Estes são, no meu entender, os autores das duas obras mais completas e interessantes sobre Alexandre, que já li até o momento. No entanto, a obra de Philip, em termos de conexão e narrativa, foi para mim a melhor. Eu realmente me vi geográfica, econômica, e socialmente na Macedônia à época de Felipe II. Eu me vi participando de rituais, entendendo as possíveis reações de algumas personalidades chaves dessa época, por causa da exposição muito didática do autor. Ele fez um verdadeiro passeio sobre a história e me levou com ele. Aí está um professor com talento para explicar. E explicou tão bem, que os aspectos antes tão debatidos só ganharam o meu entendimento ao lê-los pela ótica de Freeman. Agora entendo porque este livro está tão bem avaliado e tantas pessoas o procuram. De fato, se quiser ler algo sobre Alexandre e como ele ascendeu ao trono, que seja uma narrativa agradável e interessante, deve adquiri-lo. Vale muito a pena. Eu devorei o livro. Confesso, fui gulosa!!!
Mich_star
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