Clássico da teoria política
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MacIntyre apresenta a seguinte tese: “cada visão particular das virtudes está ligada a alguma ideia particular da estrutura ou das estruturas narrativas da vida humana” (p. 295). Para o autor, a linguagem moral está em desordem na modernidade. De início, MacIntyre apresenta a filosofia emotivista que diz que todos os juízos de valor são expressões da preferência individual. Devido a essa filosofia, o autor entende que toda justificativa racional para valores fracassou. MacIntyre se pergunta se é possível superar o relativismo de valores. Para ele, o emotivismo não distingue os valores sociais manipuladores dos não-manipuladores e não apresenta critérios fundamentais para seus postulados. Isso leva a uma tensão irremediável entre individualismo e burocratismo. Com efeito, houve tentativas de justificar a moral no Iluminismo: Kierkegaard (escolha arbitrária), Kant (razão), Hume (paixões). O resultado foi que a filosofia se tornou irrelevante para justificar a moral. Por que? Porque faltou a esse projeto teleologia, consideração do contexto e do conteúdo das virtudes. As consequências foram individualismo, utilitarismo e arbitrariedade na determinação dos valores. Nesse cenário, houve uma passagem de uma perspectiva aristotélica (fato+valor) para uma perspectiva mecanicista (apenas fato), o que levou à rejeição da generalização dos assuntos humanos. Por sua vez, Nietzsche rejeitou a justificação moral iluminista e defendeu a autonomia da vontade para criar valores. Para MacIntyre, é preciso resgatar a teleologia moral aristotélica. O autor retorna às virtudes das sociedades heroicas gregas e entende que a estrutura social e moral estavam ligadas estreitamente nessas sociedades e formavam a racionalidade dos indivíduos. Em Atenas, entendia-se que as virtudes eram formadas na pólis. Platão entendia que era preciso uma ordenação e harmonização racional das virtudes. Aristóteles, por sua vez, postulou a teoria clássica das virtudes em que o bem significava estar bem e fazer o bem, a ética era teleológica, as virtudes deveriam ser harmonizadas, e as virtudes eram de bom caráter e boa intelectualidade. Na era medieval, as virtudes passaram a ser vistas como qualidades que capacitam o homem a sobreviver aos males de sua jornada. A área da moral foi deslocada para a intenção e foi parametrizada pela ordenação divina. MacIntyre propõe formular um conceito das virtudes em que se unam a prática, a ordem narrativa e a tradição moral. As virtudes são práticas aprendidas. O ser humano é um animal contador de histórias em que a narrativa dá significado à vida através de laços comunitários que nos transmitem a tradição formativa. A modernidade, entretanto, abandonou a tradição clássica das virtudes e rejeitou qualquer concepção de virtude. A justiça se tornou um campo de conflito moral perpetrada por premissas liberais (Rawls e Nozick). Nietzsche já apontava para tal crise, mas assumiu um individualismo liberal na construção de novos valores. O autor propõe resgatar a tradição da virtude aristotélica para cultivo moral em comunidades locais.
Anderson
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