A Soma dos Dias - Allende, Isabel - 9788528613414

um pouco repetitivo

livro de bom conteudo, porem um pouco repetitivo comparado com outros ja lido da mesma escritora.

Em janeiro de 2024 • Via Amazon

Leitura é deliciosa, pura, densa, fluída e corrói as amarras da alma

Fiz o caminho inverso, ao ler primeiro boa parte dos inúmeros romances de Isabel. Por conta disso, nessa praticamente autobiografia, pude enxergar de onde vinham muitos dos personagens dos livros, sua força, suas qualidades, suas amarguras. Isabel consegue extrair das pessoas ao seu redor um material formidável para a construção de sua arte. Muitas vezes, nem mesmo as próprias pessoas se visualizariam com os traços mencionados pela autora. Ela vê sua alma mais profunda que alimentará personagens que, até então, só existiam em sua mente. Por isso, seus personagens são tão viscerais e reais. Compreendi a trama perfeita que pessoas imperfeitas formada pela família e agregados de Isabel. São sua base, são seu âmago. Apesar de o livro ‘Paula’ me olhar da estante todos os dias, não tive coragem de lê-lo até então. Ao tratar do relato das dores de uma mãe que perdeu sua filha, eu sabia que iria me doer muito. O releguei para um momento mais propício que nunca chegava. Porém, após desfrutar da narrativa da ‘A soma dos dias’, fui compelida automaticamente a ler ‘Paula’. Esse trilhar invertido me favoreceu uma leitura menos doída e mais contemplativa. Isabel continua sendo uma amiga que tenho na ‘cabeceira da cama’. Sua leitura é deliciosa, pura, densa, fluída e corrói as amarras da alma, em lugares que ainda não conhecia. CITAÇÕES DE RELEVO:  Os budistas dizem que a vida é um rio, que navegamos numa balsa para o destino final. O rio tem sua corrente, velocidade, recifes, redemoinhos e outros obstáculos que não podemos controlar, mas contamos com um remo para dirigir a embarcação sobre a água. de nossa destreza depende a qualidade da viagem, mas o curso não pode ser mudado, porque o rio desemboca sempre na morte.  Ao terminar o livro, compreendi que tinha percorrido um caminho tortuoso e que chegava ao final despida e limpa... via com clareza que a minha perda não era excepcional, mas a de milhões de mães, o sofrimento mais antigo e comum da humanidade.  Esse homem não é dos esbanjam frases românticas, mas, se viveu comigo durante tantos anos sem me estrangular, deve ser porque também gosta um pouco de mim. Estamos unidos por ideias, uma maneira similar de ver o mundo, camaradagem, lealdade, humor. Cuidamos um do outro. Temos o mesmo fuso horários, às vezes usamos a mesma escova de dentes e gostamos dos mesmos filmes... quando estamos juntos, nossa energia se multiplica... Uma imensa doçura se esconde sob sua aparência rude; é sentimental como um cachorro grande. Sem ela, eu não poderia escrever tanto e tão calmamente como faço, porque se ocupa de tudo que me assusta, desde meus contratos e nossa vida social, até o funcionamento das misteriosas máquinas domésticas... preenche minha casa, preenche minha vida.  É isso que pretendo com minha cambaleante prática espiritual: desfazer-me dos sentimentos negativos que me impedem de caminhar com desenvoltura. Quero transformar a raiva em energia criativa e a culpa numa zombeteira aceitação de minhas faltas, nunca alcançarei o desprendimento absoluto, a autêntica compaixão ou o estado de êxtase dos iluminados – parece que não levo jeito para santa –, mas posso aspirar às migalhes menos amarras, um pouco de carinho pelos outros, a alegria de uma consciência limpa.

Em outubro de 2023 • Via Amazon

Ótimo livro

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