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Ficha técnica
Informações Básicas
ISBN
9788592783297
ISBN-10
8592783291
Título
A (R)Evolução das Mulheres
Autor
Mindy Mcginnis
Editora
Plataforma 21
Descrição
O menor preço encontrado no Brasil para A (R)Evolução das Mulheres - Mindy Mcginnis - 9788592783297 atualmente é R$ 40,76.
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Avaliação dos usuários
4.4
193 avaliações
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Resenha: A (R)evolução das Mulheres
Recomendo
Texto originalmente postado no blog Queria Estar Lendo. Um livro poderoso, importante e extremamente perturbador. A (R)Evolução das Mulheres, da autora Mindy McGinnis, publicado aqui pela Editora Plataforma21, mostra uma realidade nua e cruel e responde a ela através do caos. Não é uma história fácil, mas certamente é necessária. Alex Craft está em busca de justiça pela sua irmã, que foi encontrada morta na floresta da cidade três anos atrás - desmembrada, vítima de estupro e de tortura. Não houve muito o que fazer contra o homem acusado, mas Alex sabe o que ela precisa fazer. E, com a frieza e a vingança guiando seus passos, a história se inicia - e se desenvolve junto a outros dois personagens, absolutamente distantes de sua realidade traumatizada, mas que são peças fundamentais para a construção do cenário desse livro. A (R)Evolução das Mulheres tem uma trama pesada, e por isso tão impactante. Fala sobre a linha tênue que separa justiça de vingança; critica a posição às quais as mulheres são forçadas a viver dentro da sociedade, a ideia de submissão pelo gênero que você carrega. É uma história sobre poder, sobre o forte contra o fraco, sobre atingir um ponto na vida em que nada além da retaliação importa. Alex é uma personagem complexa, extremamente bem escrita e desenvolvida. Ela é aterrorizante, mas real. Sua história é real. O assassinato da irmã acontece no nosso mundo, todos os dias. No Brasil, uma mulher é violentada a cada 11 minutos. No mundo, ser mulher significa viver com medo. O livro explora isso de maneiras perturbadoras, mas entrega todas essas situações numa escrita nua e crua, numa narrativa verossímil ao que significa ser a fêmea da espécie. A protagonista dessa história não é a Alex, é a violência de gênero. É o feminicídio que passa impune em tantas ocasiões. É a ideia absurda de que uma mulher vulgar pede para ser estuprada. É a piadinha envolvendo abuso. É o comentário sobre uma saia curta, um decote ou maquiagem pesada. É o esteriótipo aos quais as mulheres são rebaixadas. Esse livro é poderoso porque grita sobre as injustiças e sobre como, às vezes, a resposta pode ser um extremo. E não dá pra culpar a Alex por isso; não quando ela viveu e viu tanta coisa horrível e buscou uma solução drástica. Aqui entra a linha tênue: o que ela está fazendo é vingança ou pode ser considerado justiça? Alex tem alguns traços de psicopatia em sua frieza e racionalidade, mas ela tenta entender o mundo e tenta se ajustar a ele - ainda que saiba, lá no fundo, que não existe um espaço para ela na sociedade. Uma única quote da personagem no livro expressa tudo que ela é para essa história: "Sou um lobo que minha irmã mantinha enjaulado, até que sua mão foi removida. Sai da jaula e estou curiosa [...] porque sei que esse não é o meu lugar. Não é seguro me deixar sair da jaula, mas me cutucaram com vara curta. [...] Não são as ovelhas que me atiçam, mas os outros lobos. Quero correr com eles, para poder cortar sua garganta quando ameaçarem minha matilha. Mas não posso voltar para o meio das ovelhas com sangue nos dentes. Elas vão se afastar de mim." Além dela, outros dois personagens dividem os pontos de vista, entregando a parte mais civilizada, mais humana. Jack é o garoto popular aprendendo sobre a vida, e ele encontra em Alex uma companhia agradável e uma atração irresistível. Gostei bastante da composição do garoto; ele é o típico jogador de futebol com um futuro brilhante que acaba se interessando pela garota perturbada da escola - e o fato de o livro tratar o Jack de um jeito tão leve e jovem o transforma em uma figura real, que comete erros e está disposto a consertá-los, que caiu de amores por uma garota e quer fazer de tudo para se provar digno do sentimento recíproco. Um garoto legal, entusiasmado e adorável. Por fim, a Efepê - chamada assim por ser Filha do Pastor - tem outro arco maravilhoso na história. Começa como uma colega de escola e se torna amiga próxima da Alex, e é com ela que a Alex passa a questionar sua até então vivência solitária. Efepê é a amiga que a Alex nunca teve; estende todo um mundo de possibilidades e de normalidades para Alex. E o curioso é que, para a Efepê, essa nova amizade abre muito seus próprios horizontes. A garota resignada começa a questionar, a querer se impor. Ela comete deslizes e toma algumas atitudes erradas, como toda boa adolescente, mas a intensidade de Alex provoca em Efepê essa centelha de problematização, de querer erguer sua voz e se fazer ouvida. O livro não é impactante por revolucionar o gênero, mas por revolucionar a voz feminina. O que eu mais achei incrível nessa história foi a maneira crua com que a autora tratou suas críticas, como entregou cenas tão pesadas e tão óbvias, perturbadoras ao extremo, para trabalhar os traumas e como o mundo vê essa situações - e o modo como elas devem ser vistas. Mindy escreveu um épico, pura e simplesmente. A (R)Evolução das Mulheres é o tipo de livro que veio para ficar, para gritar sobre injustiças e opressões; pede mudanças e entrega momentos medonhos para mostrar a realidade que está acontecendo no mundo, e como essa realidade pode impactar de maneiras tão diferentes em tantas pessoas. Principalmente, é uma história revolucionária sobre a voz das mulheres.
Queria
• Via Amazon
Adolescência, sororidade e babaquices
Recomendo
Expressar pensamentos coerentes á respeito de "A (R)evolução das Mulheres" talvez não seja tão fácil assim. É um livro com um assunto intenso, mas com personagens jovens e que estão aprendendo a crescer. Uma leitura sob o ponto de vista de três narrados importantes para a história. Alex, Efepê e Jack são três jovens que frequentam a mesma escola, mas não tinham muito em comum a não ser morar na mesma cidade. Mas a morte da Anna abala toda a cidade, mais principalmente a irmã mais nova, Alex. Alex perdeu a irmã muito jovem por causa de um crime sexual, e a única coisa que consegue pensar desde então é na irmã perdida e em como somos frágeis e suscetíveis a sermos as próximas vítimas. Mas não para Alex. Ela não vai permitir ser a próxima, tanto que começar a se fortalecer. Correr é seu exercício favorito. Seus músculos são visíveis aos olhos dos outros, mas ninguém sabe o que habita em seus pensamentos. Quote: "[...] imagino se ela consegue sentir o cheiro de sangue na terra ou ouvir os gritos da irmã que ainda ecoam no meio das árvores." Efepê é o apelido da Claire porque ela é "esterotipada" como a Filha do Pastor. Acabou de levar um pé na bunda do Adam, seu namorado de longa data. E ao ser voluntária em um Abrigo para Animais, ela acaba se aproximando da Alex que também é voluntária. E é assim que a Alex que antes vivia muito no próprio mundo começa a vivenciar novas experiências. Quote: "Ter raiva cansa, mas sentir culpa não deixa a gente dormir." E também temos o Jack, que é o único ponto de vista masculino. Ele é aquele que de alguma forma sempre viu a existência da Alex, mas só a viu claramente quando o assassinato ocorreu, e assim ele passou a realmente a vê-la, perceber a pessoa além da "menina que perdeu a irmã". De uma forma muito louca eu amei esse livro. Amei porque a forma como a Alex sente é muito visceral, e adoro personagens assim que tem questões complexas a lidar e nem fazem ideia de como se ajudar. Talvez a primeira coisa que o leitor precise saber sobre a Alex - se sem nenhum spoiler - é que ela é apenas uma adolescente que viu algo muito feio e agiu da forma mais racional possível. Ela foi lá e matou o assassino da irmã. Quote: "Vivo em um mundo em que não ser molestado na infância é considerado sorte." E é aí que todas outras questões são levantas. O leitor tem que torcer ou tem que condenar a personagem? Até que ponto Alex estava errada? E ela parou por aí? Em vários momentos me peguei incentivando-a a ir lá e fazer o que tinha que fazer, mas em outros, eu ficava pensando em como seria o futuro dela. Quando digo que ela é uma personagem complexa é porque é verdade. Perdeu a irmã, os pais são divorciados por causa de outro assunto que também é levantado na história, e não quer ser uma vítima. Até que ponto ela merece ser condenada? E várias vezes fiquei pensando o quanto do assassinato da irmã foi o catalisador ou se no fundo a Alex seria assim mesmo que a Anna não tivesse morrido. Quote: "A maioria das pessoas pensa em coisas que não faria na vida real, e isso lhe traz uma satisfação visceral suficiente para sublimar a emoção. Na verdade, fazer mal a outra pessoa de propósito não é uma tarefa simples, e não é todo mundo que está á altura dela." Mas ao mesmo tempo em que tem todas essas questões sendo discutidas sobre a Alex, também há o ambiente em que ela vive que é "normal" para qualquer adolescente. Bebidas, farras, namoro, sexo, e ela tendo que lidar com isso por causa da nova amizade com a Efepê e de alguma forma sendo humanizada por ter que conviver com as pessoas e se tornar íntima dela. Outro ponto que é muito bonito: amizade da Alex com a Efepê. Que foi muito além de "gosto de você". Foi lidar com as merdas que a vida joga na cara e ter alguém para te defender e ajudar. Foi mesmo não podendo dizer que sente vontade de matar todos os homens babacas do mundo, mas ter alguém ao lado que meio que entende isso e sabe que existe motivos por trás, é mais do que suficiente. Quote: "Todo mundo se encolhe ao ouvir "estuprar", e a cena é tão ridícula que quase começo a rir [...] E mesmo assim, as pessoas se surpreendem com a palavra, como se, quem sabe, esses caras estivessem arrastando a Efepê para o meio da floresta para ajudá-la a dar uma mijada." E temos o Jack, que bem no início eu achei que ele era uma pessoa bem legal e que tinha visto a Alex de uma maneira que nenhuma outra pessoa tinha visto, mas que depois se tornou alguém diferente. Acho que ele tem pontos bons e pontos ruins, afinal ninguém é perfeito e todos os personagens são jovens e estão aprendendo. Há uma cultura de personagens terem que ser fodões e perfeitinhos, mas a vida não é assim, e todo mundo faz muita burrada. E até o Jack teve que aprender alguma coisa na história e atingiu seu propósito. Gostaria que ele tivesse sido diferente, mas não foi, e como Jack me foi apresentado me agradou. "A (R)evolução das Mulheres" é uma leitura feminista, que nos mostra a sororidade de um jeito muito prático, mas que também de uma forma muito real esfrega na nossa cara a realidade que as mulheres sofrem. Uma piadinha obscena, homem sendo desculpados e as mulheres sendo culpadas por algo que não fizeram, uma mulher xingando outra mulher, ao invés de abraçar a mesma causa juntas. Quote: "Será que, se eu a tivesse visto sendo carregada, teria interferido?" Dei 5 estrelas e favoritei esse segundo livro da autora Mindy McGuinnis lançado pela Plataforma 21 por ter sido meu primeiro livro feminista que me deu alguns tapas na cara e me mostrou algumas realidades que ás vezes deixamos escapar. Já quero muito ler Uma Loucura Discreta e ser arrebatada novamente pela escrita maravilhosa da autora.