Justiça para quem?
Recomendo
"No pequeno mundo onde as crianças levam sua existência, não há nada que seja percebido e sentido tao precisamente quanto a injustiça" Assim começa A Ideia de Justiça do Nobel em economia Amartya Sen. Saberá o leitor que Sen está citando Dickens para abrir o debate em torno desse conceito tão escorregadio: Justiça. A todo instante há um diálogo com John Rawls outro gigante intelectual que Sen não se cança de criticar. Amartya Sen diz que flerta com a filosofia, e isso é tão verdade quanto o fato de recorrer a teologia, não a cristã diga-se de passagem, mas a do seu mundo indiano. Sen evoca Niti e Nyaya deusas do panteão indiano que significam justiça porém em sentidos diferentes. Segundo o autor: "Entre os principais usos do termo niti, estão a adequação de um arranjo institucional e a correção de um comportamento. Contrastando com niti, o termo nyaya representa um conceito de justiça realizada" (pág. 50) Dito de outro modo, niti é a justiça idealizada, abstrata que sobrevive muito bem na linguagem teórico-filosófica; poderíamos trocar niti pelo pensamento de John Rawls. Já nyaya é aquela mais próxima dos homes do realizável. Ler Amartya Sen é sair um pouco das caixas conceituais, fugir de um academicismo simplesta que já é tão batido que causa no máximo um enfado cognitivo. Se alguém recebe o Nobel seja em qualquer área, essa pessoa precisa ser lida.
Erivan
• Via Amazon