Too much too soon
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"A Arrasadora Trajetória do Furacão The New York Dolls - Do Glitter ao Caos", de Nina Antonia. Lançada originalmente em 2005, esta biografia que ganhou um espalhafatoso título em português se concentra, principalmente, em narrar com detalhes o período em que a formação clássica da mítica banda nova-iorquina esteve na ativa, entre 1971 e 1975. Os Dolls, assim como outras bandas hoje consideradas seminais (Velvet Underground e The Stooges, por exemplo), sofriam de um paradoxo: eram amados pela maioria da crítica especializada, e angariaram uma legião de fãs no circuito de arte, mas nunca conseguiram efetivo sucesso comercial, nunca conseguiram chegar ao "povão". Seus discos não foram sucessos de vendas, suas músicas não explodiram nas rádios... No auge de sua popularidade, andavam em limusines e frequentavam as festas mais badaladas com celebridades, mas nunca tiveram um tostão no bolso. Estiveram a um passo de atingir o superestrelato, mas nunca chegaram lá. Sucumbiram aos seus vícios e também a uma indústria musical que ainda não estava pronta para lidar com um furacão como eles. Mas amaciaram o caminho para que o público pudesse engolir, poucos anos mais tarde, bandas polêmicas como os Sex Pistols. E ainda foram notórias influências não só para os Pistols, mas também para David Bowie, Kiss, Aerosmith, Hanoi Rocks, Guns N' Roses, entre outros. Os Dolls foram um dos fracassos mais influentes da história do rock. Os membros da banda viveram o resto de suas carreiras à sombra disso, marcados como aqueles que "quase chegaram lá", eternas promessas. Ignorados pelas gravadoras, foram obrigados a vestir o figurino de foras-da-lei do rock 'n' roll - e, mesmo assim, o gênio problemático Johnny Thunders ainda conseguiu produzir três discos espetaculares pós-colapso dos Dolls (um com os Heartbreakers e dois em carreira solo). Tudo isso que escrevi acima é mostrado de forma apaixonante e comovente por Nina Antonia - espécie de fã número 1 da banda - neste excelente livro. Esse paradoxo fracasso/sucesso fica claro na fala do guitarrista Sylvain Sylvain - que acabou virando motorista de táxi depois de anos tentando sobreviver no meio musical - , já nas páginas finais do livro: "Eu só continuei seguindo em frente quando tinha de dirigir uma porcaria de táxi com um chato no banco de trás me enchendo o saco porque lembrava que um dia tive algo e as pessoas me amavam por isso".
Zeka
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