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Capítulo importante para a tradição interpretativa das obras de Rousseau
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Muito estudado pelos historiadores da pedagogia e por pesquisadores e pesquisadoras da área de educação, "Emílio", livro publicado em 1762 (no mesmo ano, portanto, que o Contrato Social), é, salvo honrosas exceções, uma obra inexplicavelmente negligenciada pela fortuna crítica do campo da história da filosofia: há, afinal, poucos trabalhos de fôlego dedicados a se aprofundar nessa obra monumental. O tratado de educação de Rousseau, que valeu ao filósofo o início da perseguição pelos governos europeus e que acaba por fundar o pensamento pedagógico moderno, é, na realidade, uma das peças-chave de seu sistema filosófico, como o próprio autor do "Discurso sobre a desigualdade" e de "Julie ou a Nova Heloísa" assim o atesta. Em outras palavras, "Emílio" é uma obra de maturidade que condensa todo o sistema de Rousseau. Portanto, a forte tradição brasileira de interpretação da filosofia de Rousseau ganha mais um importante capítulo com a publicação de Thomaz Kawauche, em belíssima edição feita pela Editora Unifesp. O autor não somente perpassa com elegância, clareza e detalhes todos os pontos cruciais que compõem "Emílio", pois, além de situar as reflexões sobre educação dentro do plano geral do pensamento filosófico rousseauiano, revela-nos um Rousseau extremamente atento às novidades científicas de seu tempo. O caso da medicina e da fisiologia, conforme deixa evidente o autor, seja talvez o mais notável desses exemplos. Além disso, Thomaz Kawauche é um autor crítico e indagador, que não deixa de tentar simultaneamente enfrentar e compreender pontos difíceis e polêmicos dessa obra, como as passagens do Livro V que tratam da figura de Sophie. Acredito que os cursos de filosofia e educação devam adotar "Educação e filosofia no Emílio de Rousseau" como bibliografia obrigatória, mas o livro é igualmente indispensável para aqueles que se interessam pela história e pelas ciências modernas em geral. Excelente publicação.
Thiago
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