Volume VI da História das Ideias Políticas de Voegelin: revolução política e cientificismo
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Nesse volume, Voegelin discute a nova consciência do século XVIII: razão, revolução e cientificismo. Do século XIII ao XVIII, forças intramundanas adentraram e colapsaram a unidade da cristandade. Autores como Voltaire buscaram reconstruir o sentido da história de forma secular, fechado à transcendência. Houve uma instabilidade das interpretações históricas devido à liberdade interpretativa resultando na dissolução do mistério cristão na história. A partir disso, houve uma dissociação dos universalismos do Ocidente: império, razão e igreja. Com o tempo, opôs-se razão e história ao simbolismo cristão. Em Voltaire, tem-se um ataque à espiritualidade crista e defesa de uma razão natural. Voltaire assume o senso comum de uma razão natural autônoma como capaz de ser tolerante e compassiva humanitariamente face a perseguições do Estado e Igreja e sustenta que os métodos da ciência são únicos para o conhecimento válido. O século XVIII é marcado pelo rompimento da humanidade com o espírito cristão e pela ascensão de nacionalismos como forças espirituais. Há uma desintegração do Ocidente e os pensamentos políticos se tornam locais e ininteligíveis uns aos outros. Unidades nacionais se fecham e evocam seu cosmion nacional singular face às outras nações. No capítulo três, Voegelin faz uma ampla discussão da "nova ciência" de Giambattista Vico. Essa nova ciência é fundamental para Voegelin por antecipar os problemas da desintegração da ordem. Existem muitos aspectos de Vico que influenciarão obras posteriores de Voegelin. Vico demonstra que o fechamento da história à transcendência levou a uma crise da ordem política, cultural e social. Vico oferece uma filosofia geral da cultura e critica o otimismo humano em criar uma ordem fechada à transcendência. Por fim, Voegelin trata da "perda do concreto" na Inglaterra após a revolução puritana, a revolução gloriosa e o período da restauração. A Inglaterra busca a concretude ou sentido de sua existência. O declínio moral e intelectual se devia à perda da orientação da existência por meio da fé e à desintegração dos símbolos sustentados pela fé. A estrutura externa do mundo assume um status ontológico e a natureza humana é entendida como sua consciência. Em Locke, a razão é fortemente secularizada e o reino do espírito apagado. Nesse momento, a fé é enfraquecida e a razão natural e a ciência se tornam a chave de compreensão de toda a realidade. O cientificismo avança impactando na política na medida em que esta se torna uma racionalização utilitária. A absolutização da ciência, fechada à transcendência, reduz a vida humana à experiência intramundana. O cientificismo permite que "eunucos espirituais" formem ideias para as massas que perderam o "espírito". A sociedade de massas, então, se torna suscetível ao planejamento social e posterior controle totalitário.
Anderson
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