Retorno do Nativo, O - Thomas Hardy - 9788566549416

Contemplativo....

Um livro para ser degustado. Muito contemplativo, personagens cativantes, típicos de áreas rurais... Meu primeiro Thomas Hardy.

Em março de 2021 • Via Amazon

Muitos erros na tradução, faltou uma revisão da obra, que é muito importante.

Muitos erros na tradução.

Em junho de 2020 • Via Amazon

O mundo rural não estava preparado para ele

Aconteceu uma coisa muito curiosa na minha relação com este livro: não foi um dos meus preferidos, mas fiquei muito apegada a ele. Tanto que terminei a leitura em 31 de agosto, mas só agora estou escrevendo sobre ele. É como se eu não quisesse deixá-lo ir. A época “pode ser definida como entre 1840 e 1850”, segundo prefácio. O nativo é Clym Yeobright, que após passar alguns anos em Paris, decide voltar à sua terra natal para fundar uma escola e ensinar aos necessitados. O que ele não imaginaria é a resistência que encontra aos seus planos. Paralelamente, Eustacia Vye quer fazer o caminho contrário e deixar o vilarejo para viver uma vida mais interessante em uma grande cidade. O problema é que, para uma mulher, as coisas não eram assim tão fáceis. Damon Wildeve vive segundo os próprios interesses e esses interesses podem sofrer mudanças frequentes. Já Thomasin Yeobright vive de acordo com o que se espera dela, de forma resignada e paciente. A sra. Yeobright é uma viúva altiva e respeitada que quer controlar a todos. Por último Diggory Venn, apaixonado por Thomasin, se mostra disposto a sacrificar tudo para que ela viva feliz, ainda que isto inclua o casamento dela com outro homem. Estes personagens são rodeados por uma natureza vasta e complexa, da qual o autor discorre tão detalhadamente, que ela é, na verdade, o personagem principal do livro. “Era uma região que voltava à memória daqueles que a amavam com um aspecto de harmonia peculiar e gentil. (...) O crepúsculo combinou-se com a paisagem de Egdon Heath para gerar algo majestoso sem severidade, impressionante sem ostentação, enfático em suas advertências, grandioso em sua simplicidade.” “Evaporado pelo sol, agitado pela lua, o mar se modifica a cada ano, a cada dia ou a cada hora. O mar mudou, os campos mudaram, os rios, os vilarejos e as pessoas mudaram, mas Egdon continuou igual.” As extensas descrições da charneca e dos campos de Egdon Heath nos situam na imobilidade de um vilarejo que não avança no tempo, onde todos se conhecem e vivem sob à influência de dogmas e superstições, e como nada grandioso acontece, cada pequeno evento é um acontecimento. Onde todos vivem sem grandes sonhos ou ambições e quando aparece alguém que pensa diferente - como a jovem Eustacia, que é intelectual e culturalmente superior aos demais e se isola -, é tida como bruxa. A previsibilidade e a rotina eram tão apreciados no vilarejo, que a volta do nativo para ajudar seus semelhantes não é bem vista: “- Voltei para casa; e o que pretendo fazer é o seguinte: quero montar uma escola o mais próximo possível de Egdon, para que eu possa voltar a pé até aqui, e também quero dar aulas noturnas na casa de minha mãe. (após ele ter se ausentado:) - Por nada no mundo ele fará isso, disse Fairway. Em algumas semanas, aprenderá a ver as coisas de outra forma. - Ele é um rapaz de bom coração, disse outro. Mas acho que seria melhor que ele não metesse o nariz onde não é chamado.” Enfim, eu gostei e me apeguei. Com todas as implicações do pensamento retrógrado do povo de uma aldeia pastoril inglesa do século XIX e com os conflitos dos revolucionários Clym e Eustacia, que queriam, cada qual a seu modo, evoluir. Ele, que “desejava elevar a classe à custa dos indivíduos, e não os indivíduos à custa da classe”; ela que desejava a liberdade, o conhecimento e uma paixão sem limites.

Em setembro de 2019 • Via Amazon