Muito oba-oba para pouco conteúdo
Não Recomendo
Primeiramente, um parabéns à editora: a edição é maravilhosa. Quanto ao livro em si, todas as loas, premiações, indicações e os elogios não escondem um fato bastante claro desde o primeiro conto: CMM não sabe contar uma história. Existem autores que se destacam pela qualidade literária, pelo 'como' contam. Outros, pelo 'que' contam. Alguns mais raros conseguem unir essas duas facetas. Há ainda autores, bem menos incomuns, que sabem escrever, elencar palavras, construir frases - mas sem um motivo a serem escritas, uma razão vibrante que as expulsa de uma cabeça e as mantenha eternamente coladas no branco do papel, são palavras bem elencadas e pouco mais do que isso. Um exercício para os olhos dos outros. O "Corpo dela" poderia ser uma coletânea de textos de um curso de escrita criativa, elucubrações soltas típicas, tentando convencer alguém de alguma coisa. Levando-se esse ponto de vista adiante, dá realmente vontade de dar os parabéns à autora, por saber criar historinhas, dentro dos moldes corretos. Mas, por Deus!, em todas elas falta tanta densidade, falta conteúdo, falta algo a ser dito. E isso nem as pontas soltas, por gosto ou relaxo, ou as indicações de introspecção profunda, ou as metáforas exóticas que talvez queiram dizer alguma coisa conseguem ocultar. É óbvio para o leitor que as histórias serão esquecidas, assim como os personagens e seus 'dilemas' e conclusões nunca muito bem explicadas, apresentadas com aquele mise-en-scène de quem largou com um floreio algo profundo no ar e foi embora, mas não sei se alguém cai no golpe. A coletânea vale para conhecer o zum-zum-zum sobre uma autora que, eventualmente, pode, sim, ter algo a contar. Mas ainda não. Definitivamente.
Ricardo
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