Bom conteúdo referente à CIPA
Recomendo
O livro pode ser considerado um "curso básico de comissões internas de prevenção de acidentes", devido a sua abrangente abordagem de temas que, naturalmente, são tratados nos treinamentos de formação de cipeiros. Ao longo da obra, há conteúdos referentes a programas contidos nas NRs, verificações de segurança, mapeamento de riscos ocupacionais, investigação e análise de acidentes do trabalho, métodos de investigação de acidentes, legislação trabalhista e previdenciária, entre outros temas importantes dentro da CIPA. Devido à presença desses temas acima citados, que são necessários para o conhecimento dos membros da referida comissão - uma parte considerável da segurança do trabalho está contido no livro, pelo menos de maneira sintética. Além disso, a escrita é excelente, fluída, organizada e de fácil compreensão. Embora a obra seja ótima, abaixo deixo algumas (e poucas) críticas: - o primeiro capítulo ("introdução à segurança do trabalho") poderia ser melhor explorado de forma mais relevante, visto que a introdução em si tem somente um parágrafo, e o capítulo utiliza aproximadamente 54 páginas de citação de legislação, portarias, alteração de normas, etc., embora toda essa legislação e normas apresentadas sejam úteis para alguma pesquisa específica; - no segundo capítulo do livro ("guia para o cipeiro"), assim como ao longo do livro, o autor comenta bastante sobre fundamentalidade de se estabelecer normas de procedimento por escrito, mas não enfatiza (ou pelo menos comenta pouco sobre) a importância da proximidade entre o trabalho prescrito e o trabalho real¹, que gera repercussões inclusive na estrutura mental dos trabalhadores; - na p. 135, o autor afirma o seguinte: "alguns escritórios talvez necessitem muito mais de verificações periódicas do que estes setores [produção e manutenção], que têm mais condições de tolerar os riscos". Fico em dúvida com o que o autor quis dizer quando afirma que os setores produtivos e de manutenção "têm mais condições de tolerar os riscos", sendo que é sabido que o chão de fábrica apresenta, de maneira geral, muito mais condições perigosas que um escritório, onde os riscos a integridade física das pessoas são menores. Será que Campos quis afirmar que o pessoal de escritório é mais "sensível" a condições ambientais adversas que os operadores de fábrica? De qualquer forma, considero uma colocação inadequada de se fazer. NOTA: [1]: sobre a diferença do trabalho prescrito e o trabalho real, pontuei algumas questões na minha resenha do livro "A banalização da injustiça social", de Dejours. É importante mencionar que devido a data de publicação desta edição (24º, publicada em 2016), e a falta de novas edições, os conteúdos da NR-05 e outras normas mencionados no livro, bem como parte da legislação trabalhista e previdenciária - encontram-se parcialmente desatualizados, mas isso não desqualifica o livro. Só é necessário atenção para aquilo que foi modificado posteriormente por normas, portarias, decretos, etc. Por fim, ressalto que a importância da obra é tal - além de ser conceituada, que acredito ser a que mais tem citações em artigos, TCC's, teses e livros, quando se aborda as CIPAs em um livro ad hoc ou quando as mesmas são citadas em um livro de SST.
Victor
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